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De quem tem, para quem precisa

16 de Julho de 2015

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Você comprou um quadro legal e precisa colocá-lo na parede do quarto. Tudo seria muito fácil, se você tivesse uma furadeira. Mas, fazer reformas não é a sua praia, por isso você nunca viu motivo em comprar uma. Até porque, você não precisa de uma furadeira e sim do furo na parede. O que você faz? Gasta um bom dinheirinho em algo que você vai usar raríssimas vezes ou pega emprestado daquele vizinho que está sempre reformando alguma coisa?
 
Foi com casos desse tipo, que sempre acontecem com a gente, que o consumo colaborativo foi ganhando força e, segundo estimativa da consultoria britânica Shaping Tomorrow, deve movimentar cerca de US$ 110 bilhões por ano em 2015.
Aqui no Brasil, segundo pesquisa da Market Analysis cerca de 20% dos entrevistados já ouviram falar sobre consumo colaborativo. A troca ou venda de produtos usados é, de longe, a prática mais comum (73%). Em segunda posição vem o aluguel ou empréstimo de bens (15%), a carona ou aluguel de carro (13%), a contratação de serviços (12%) e a troca de tarefas em hospedagem solidária (8%).
 
Empresta pra mim?
 
Imagine um site de comércio eletrônico que não tem nenhum produto à venda. Este é o DescolaAí, no qual as pessoas que estão querendo alugar alguma coisa fazem um cadastro com uma relação de coisas que pretendem alugar. Do outro lado, alguém (também cadastrado) lista e preenche seus dados pessoais e interesses. As informações são cruzadas, ambos se encontram na rede, conversam e fecham o negócio.
E como saber que a pessoa que está batendo na porta da sua casa para pegar uma guitarra emprestada não é um ladrão? O DescolaAí gera uma senha de serviço que só locatário e locador sabem. No primeiro encontro, os dois devem acionar o código para confirmar que o contato foi realmente feito no site. Tipo coisa de agente secreto. Qualquer problema, o site é responsável para fazer a intermediação.
 
Meu carro, seu carro
 
Precisa de um carro com câmbio automático? Espaço de porta-malas? Um automóvel para o fim de semana? Se a sua ideia é usar o veículo só às vezes, como em viagens para o fim de semana ou coisa do tipo, não precisa pensar em comprar ou mesmo alugar daquele jeitão tradicional. Basta pegar emprestado! Assim, você se livra de impostos, preocupações com combustível e estacionamento e nem tem que ficar visitando a oficina para revisões...
 
Esse é o carsharing, serviço oferecido por plataformas como o Joycar, no qual as pessoas que não usam tanto seus carros podem alugá-los temporariamente para quem precisa. A diferença entre os serviços de aluguel de veículos convencionais e o carsharing são várias: as reservas podem ser feitas pela internet ou telefone, sem papéis e contratos; o recebimento e devolução do veículo são feitos diretamente pelo usuário; os carros podem ser usados por horas ou mesmo minutos; os seguros e combustível já estão incluídos no preço.
Aliás, por falar em automóveis, a questão do consumo compartilhado afetou a nossa relação com os carros como nunca. Primeiro vieram os aplicativos para chamar táxis como os já onipresentes em qualquer smartphone 99 Taxi e Easy Taxi, estreitando a relação do passageiro com o motorista, evitando problemas com as centrais de atendimento do antigo rádio táxi.
Para os usuários, seria ideal: já pensou, não precisar mais ficar tendo que fazer sinal para os táxis na rua, às vezes debaixo de chuva, no frio? E os motoristas, do lado deles, é claro, adoraram: poderiam rodar por conta própria, sem precisar as altas taxas das cooperativas – que, claro, não gostaram da brincadeira.
“Nossa orientação é que cada associação regional pressione as prefeituras locais por uma regulamentação. Queremos a concorrência leal e que seja respeitada a legislação”, afirmou, em entrevista ao G1, Edmilson Americano, presidente da Associação Brasileira das Cooperativas e Associações de Táxis (Abracomtaxi) e da Guarucoop, cooperativa de taxistas que atendem no aeroporto de Guarulhos.
 
Um novo capítulo desta discussão viria este ano, com a popularização do aplicativo Uber no Brasil. A ideia é a mesma: a tecnologia encurtando a distância entre quem quer alguma coisa e quem presta um serviço. Mas, neste caso, estamos falando de motoristas particulares/executivos, o que causou a fúria dos taxistas – incluindo aqueles mesmos que passaram a se beneficiar dos seus próprios aplicativos. O Uber, na verdade, vem cercado de polêmica por onde passa, causando fortes discussões e até mesmo manifestações da classe dos taxistas em cidades como Paris e Berlim. As entidades de classe alegam que se tratam de motoristas realizando transportes remunerados sem alvará – logo, seria um “serviço clandestino”. O Uber diz que apenas cria uma conexão entre o usuário e o motorista – e que pode ser entendida como uma “carona”.
 
“A inovação vem para fazer com que toda sociedade melhore. Todos sempre ganham com a inovação, não é só um grupo ou algumas pessoas. Faz a vida de todo mundo ficar melhor”, opina Fabio Sabba, um dos diretores do Uber, para a Folha. “O que a gente precisa para explicar tudo isso é mais debate. A gente vai conseguir mostrar que a plataforma quer na verdade ajudar a diminuir o trânsito e a gerar renda para as pessoas”.
 
Pedindo para o vizinho
 
A americana Micki Krimmel estava prestes a viajar quando viu que sua mala era menor do que precisava. Ela não queria comprar uma nova – esta era uma viagem que duraria bem mais do que o normal  – por isso ela resolveu perguntar aos amigos para ver se alguém tinha a mala que ela precisava. Não conseguiu. Quando voltou, ainda estava chateada por ter gasto US$ 250 em um item que usaria apenas uma vez e resolveu procurar um jeito de trocá-la na internet.
 
Foi aí que nasceu o NeighborGoods, um site em que os usuários publicam uma lista do que têm para emprestar e do que gostariam de pegar emprestado. Bicicletas, carrinhos de bebê, peças de carro: é possível encontrar um pouco de tudo no site, que funciona de forma regional, ou seja, é preciso dizer qual bairro você está para ter acesso aos produtos próximos, como se fosse uma rede de vizinhança.
 
É mais ou menos o mesmo conceito da cooperação entre vizinhos que prega o site nacional Tem Açúcar. A intenção aqui é ser uma versão virtual daquela clássica cena na qual um vizinho bate na porta do outro com uma xícara em mãos pedindo “Você tem uma xícara de açúcar para me emprestar?”. É bem isso: uma rede de trocas que coloca todo mundo em contato. Você tá precisando de uma furadeira? O site serve de ponte para que você encontre quem está próximo e pode te emprestar, para que então vocês negociem os termos do empréstimo... Tudo simples, fácil e rápido.
 
Alugue brinquedos pelo tempo que quiser!
 
Aqueles com crianças por perto sabem elas costumam enjoar rápido de seus brinquedos. Às vezes, os pais passam dias para encontrar aquela boneca que a filha tanto queria e, semanas depois, o brinquedo já está jogado em meio a vários outros em algum lugar do quarto.
 
Depois de perceber que a filha perdia o interesse nos brinquedos novos em pouquíssimo tempo, Gleice Matos resolveu contratar os serviços de um aluguel de brinquedos, o Joanninha. “Mesmo antes de ser mãe eu me assustava quando ia na casa de amigos e via pilhas de brinquedos. Acho que não faz sentido você ficar comprando um monte de coisa, dali um tempo a criança vai enjoar mesmo. Por isso, aderi a esse tipo de consumo colaborativo e já indiquei para amigos.", conta.
 
Lá, tudo funciona como uma vitrine de brinquedos. Para participar, os interessados devem fazer uma assinatura, que dá acesso a ‘joaninhas’: a moeda do site. Cada plano contratado dá direito a um número determinado de joaninhas, que também variam de acordo com o brinquedo.  Feito isso, basta escolher os produtos, colocá-los no carrinho de compras e esperar os brinquedos chegarem em casa com frete grátis. Quando a locação completar 30 dias, o cliente tem o direito de trocar os brinquedos por outros diferentes. Mas caso não queira, não precisa. Pode continuar com o produto por quanto tempo quiser.
A idealizadora do site, Alessandra Piu, conta que encontrou uma forma interessante para explicar o conceito de consumo colaborativo para as crianças. “Usamos uma estratégia que tem dado certo. Junto com o brinquedo alugado, a gente manda para a casa dos clientes uma joaninha de pano com a mensagem de que ao final de um mês, aquela joaninha vai precisar levar os brinquedos para fazer a alegria de outra criança”, afirma a empresária. Além disso, a joaninha acompanha um diário, onde a criança pode escrever, junto com os pais, as experiências que teve com o produto”, explica.
 
Neste mundo em que o tal do consumo colaborativo fica cada vez mais popular, cada vez mais o “meu” vai saindo de uso, dando espaço para o “nosso”. Você usa quando precisa, sem a necessidade de levar pra casa e guardar no armário. O verbo “comprar” passa a dar passagem para o verbo “compartilhar”. E aí você consome menos, tem menos impacto no ambiente... e ainda cria diferentes vínculos com outras pessoas que jamais teria imaginado conhecer antes. Não é demais? :)
 
Saiba mais:
 
 
Movimento Roupa Livre – transforme, alugue e doe roupas que você não curte mais.
 
Seu filho enjoa de brinquedo rápido? Com esse site, aquele carrinho pode ser locado por meses ou dias.
 
 

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