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Confiança criativa

16 de Setembro de 2015

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Não é preciso ser um gênio iluminado para ser criativo. Basta ter um pouco de confiança!
 
Começamos a vida fazendo desenhos e nos orgulhando deles. Fazemos aquele rabisco todo torto, falamos que aquilo é uma girafa e chamamos de obra de arte. Levamos pra casa, mamãe pendura a girafa torta na geladeira e acha lindo. E nós também! Até que um dia. Sempre tem um “até que um dia”, né? Até que um dia chega ela, aquela amiguinha crítica, de maria chiquinha, aponta para nosso rabisco e diz: “que girafa horrorosa! A minha é muito mais bonita” (e pode até ser que ela seja mais bonita, mesmo). Isso quando não é a própria professora que faz uma coisa parecida: diz pra gente que girafa não é azul, que pintamos com o giz de cera errado e que o desenho está reprovado.
 
Pronto. Está escrita a receita para um adulto que acha que não é criativo! É nessa fase que muitos de nós, timidamente, larga seus gizes de cera e começa a se dedicar com afinco a outras atividades mais garantidas, com mais chances de acerto. É aí que admitimos que fulano ou sicrano desenham muito melhor que nós - e que esse negócio de ser criativo é coisa de publicitário, ou designer, ou artista de tevê.
 
Não é para menos: nós crescemos em escolas que querem nos preparar para a universidade. E nesse ambiente, acreditamos que para sermos bem sucedidos, temos que ser inteligentes. E pior: aprendemos que inteligência é só saber escrever, fazer contas e assinalar a alternativa certa. Mas e a inteligência espacial necessária para um pintor fazer uma grande obra de arte? E a inteligência corporal e musical de um bailarino? Será que não estamos nos baseando em referências erradas? A verdade é que todo mundo nasce artista. Quem é bom em pintar, desenhar, escrever, dançar ou qualquer outra arte não é um ser iluminado e especial diferente dos “outros mortais”. É apenas alguém que se dedicou mais, ousou mais e, principalmente, tem muita confiança criativa.
 
Opa, confiança criativa? O que é isso? Tom e David Kelley explicam. Dois nomes por trás da famosa consultoria de inovação IDEO e da d.school - departamento de design da universidade de Stanford onde estudantes de administração, engenharia, medicina, direito, entre outros são colocados para solucionar problemas complexos de forma criativa e colaborativa - esses irmãos norte-americanos lançaram um livro que explora esse tema. Com o nome "Confiança Criativa - Libere sua Criatividade”, ele se propõe a mostrar para todo mundo o seu potencial criativo. Ele conta com muito jeito e muitos exemplos que criatividade não é domínio apenas de um grupo privilegiado ou de empresas de design. Um advogado pode ser criativo, um escritório de contabilidade, à sua maneira, também!
E os caras têm conhecimento de causa para nos inspirar assim. David Kelley, que é hoje um dos maiores nomes por trás do conceito de Design Thinking, começou a carreira como um engenheiro elétrico que não era muito feliz no que fazia e tinha certeza que não era nem um pouco criativo. Isso até o dia em que se inscreveu num programa multidisciplinar sobre Design de Produto em Stanford. Foi nesse momento que ele descobriu que era possível unir engenharia e arte, percebeu que era criativo e isso o fez muito feliz. Mais para a frente, quando, certa vez, ele descobriu que estava com câncer, começou a questionar qual era sua missão na vida e chegou à conclusão que era justamente mostrar às pessoas que elas podem ser criativas também. Ele percebeu que era tudo uma questão de insegurança e começou a se dedicar ao conceito de confiança criativa. Confiança criativa é ter a noção de que qualquer pessoa pode ter grandes ideias, basta arregaçar as mangas e fazê-las acontecer. Não importa qual seu background ou o que os outros falam dela.
 
Como isso é possível? Curando seus bloqueios. Quando você repete que não é criativo, acha que nunca vai conseguir pensar em algo novo e se bloqueia imediatamente. Mas isso muda quando você descobre que criatividade não é ser o melhor coreógrafo do mundo ou esculpir o Davi de Michelangelo ou mesmo desenhar uma girafa amarela! Muda quando você descobre que criatividade é só um jeito diferente de enxergar o mundo.
 
Falando assim parece fácil, mas depois de anos e anos com medo de ouvir críticas, isso é mais difícil do que pensamos. Depois que viramos gente grande, temos muito mais medo de ser julgados. Crianças assumem riscos. Nós, não. Para adultos, assumir riscos quer dizer perder dinheiro, fama, reputação. A má notícia é que se você não estiver preparado para errar, nunca vai fazer nada original. A boa notícia é que dá para tentar sair dessa zona medrosa e começar a criar mais.
 
E para isso acontecer, os irmãos Kelley partem de três princípios:
O primeiro deles é que o mundo não é dividido entre criativos e não criativos.
 
O segundo é que falta de confiança criativa nada mais é do que medo. E como medo, deve ser tratada da mesma maneira com a qual psicólogos abordam as fobias. Com o que chamam de "domínio guiado”, eles dizem para você ir entrando em contato com sua criatividade, pouco a pouco. É ganhar confiança. Da mesma forma que alguém que tenha medo de cobra, por exemplo: para perder a fobia, você deve ter contato com uma cobra. Mas esse contato é gradual. Primeiro você chega na porta da sala, depois volta. Depois chega mais perto, e volta mais uma vez. Da próxima vez, vai se aproximando, até que encosta na cobra e vê que ela não lhe fez mal nenhum. Pelo contrário: muitas cobras são até muito bonitas!
 
O terceiro princípio foi percebido por David Kelley ao observar pessoas consideradas extremamente criativas. Ele percebeu que, apesar de parecerem super desordenadas e caóticas, essas pessoas possuem uma forma de pensamento bastante sistemático. E é em cima de um processo lógico e coerente que ele estimula pessoas “comuns” a serem criativas, em processos como design thinking, muita pesquisa e exercícios de empatia. Eles criaram metodologias que mostram que criar não é apenas um estalo vindo do nada. Para saber mais, veja nossos links no final desse post.
 
Tudo muito lindo, muito legal. Mas como podemos ser mais criativos? Os irmãos Kelley dizem que criatividade não se ensina. Se desperta. Separamos aqui 5 passos inspirados nos conceitos da dupla para ajudar você a despertar sua criatividade:
 
1.      Busque a empatia. Se coloque no lugar de outras pessoas. Tente entender como sua avó de 90 anos enxerga algum objeto tecnológico. Depois tente ver como uma criança de 2 anos enxerga o mesmo objeto. Ver um problema pelo lado de fora, com uma perspectiva totalmente diferente da sua, ajuda a enxergar detalhes que até então passavam desapercebidos.
 
2.      Experimente um novo olhar. Veja as coisas que você já conhece de um jeito diferente. Faça perguntas diferentes. Se você sempre fizer as mesmas perguntas, vai obter as mesmas respostas de sempre.
 
3.      Trate a vida como um experimento. Não tenha vergonha de errar. Experimentar é testar diversas vezes, melhorar a cada vez e valorizar o aprendizado.
4.      Esteja sempre aprendendo. Não existem mais professores sabe-tudo: pessoas e empresas estão cada vez mais dependentes da colaboração para ser bem sucedidos nas ideias. Criar é ser humilde e enxergar o mundo como se você não tivesse nenhuma resposta.
 
5.      Explore o poder da narrativa. Explique suas ideias de maneira simples e interessante. Lembra da girafa azul? E se você inventasse uma história, contando que essa girafa nasceu com a cor diferente por alguma razão mágica, por exemplo? Certeza que a menina de maria chiquinha lá do começo do texto ia enxergar seu desenho de uma maneira bem diferente.
 
6.      Não tente ser criativo. Essa parece estranha, mas é verdade: quando diminuímos as expectativas e paramos de nos obrigar a ser brilhantes, nos sentimos mais confiantes para tentar mais e mais.
 
Com o tempo, você vai perceber que confiança criativa é uma coisa natural nossa. Desde o início dos tempos, foi a confiança criativa que nos fez descobrir como manejar o fogo, construir a roda. Se fôssemos historicamente inseguros criativamente, é capaz que ainda estivéssemos vivendo nas cavernas, com vergonha de mostrar nossa mais nova invenção.
 
Quando você perder o medo, vai descobrir que é capaz de fazer coisas realmente incríveis. A mudança pode ser grande - muitas pessoas mudam de carreira completamente após passar pelo curso na d.school dos irmãos Kelley - mas também pode ser mais simples, como por exemplo uma mudança nas pequenas escolhas do dia a dia. Uma vida com menos medo de errar pode nos levar a lugares incríveis. Basta trabalhar nessa confiança!
E você? Ainda se considera um não-criativo? Deixe um comentário e conte qual foi a última ideia sua e não se preocupe com o que vão pensar dela!
 
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